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Qual é o progresso que você está esperando?

Foto do escritor: Katia ReginaKatia Regina

Eu esperava voltar com algum movimento em 6 meses pós a lesão medular. Eu esperava em 1 ano já estar andando, no mínimo, com ajuda de algum andador ou muleta. Eu esperava que em 1 ano e 6 meses minha vida tivesse voltado ao "normal".

Mas já se passaram 1 ano e 5 meses, e nada disso aconteceu. E eu não criei essas expectativas sozinha.


No começo, eu ouvi de médicos, cientistas, fisioterapeutas e doutores "a sua lesão é incompleta, tem chance de voltar a andar, esses 18 meses serão cruciais ". Minha família, principalmente, pai e mãe diziam: "Filha, eu tenho certeza que você voltará a andar". Meus amigos e amigas do trabalho, da infância, da faculdade e da vida, também acreditavam: "Eu sonho com você andando, e, logo logo você estará de pé".


Mas nada disso aconteceu.


E não foi por falta de vontade, disciplina, fé e orações. Já são mais de 500 dias que eu sigo, a risca, todos os cuidados e tratamentos que me foram indicados. Faço fisioterapia 5 vezes por semana, faço equoterapia todos os sábados, fiz mais de 20 sessões de neuromodulação, me internei nos melhores hospitais (gratidão @Einstein), fiz a reabilitação nos melhores institutos do país (obrigada @LucyMontoro), busquei tratamento internacional na Suíça (#orgulhodeSerNestlé). Fiz inúmeras sessões e terapias alternativas, focada no corpo, mente e alma. Durmo bem, como de forma saudável, faço meditações e não há, um só dia, que não peço e agradeço o Universo, o Cosmo e a Deus. Fiz e faço o meu melhor, mas o progresso tão esperado não foi atingido.


E eu teria todos os motivos para Parar!

E foi exatamente o que eu escolhi, Parei!


Parei de avaliar o meu progresso com a capacidade que tenho de andar, com a capacidade que tenho de controlar o meu xixi e o meu cocô. Com a capacidade que tenho de me transferir, de ir e vir. Com a capacidade neurológica de resolver problemas, de ser excepcional e brilhante na vida pessoal e profissional. Parei de avaliar o meu progresso com a habilidade que tenho de ser a melhor mãe, a melhor filha, a melhor amiga e a melhor mulher. Não será assim que avaliarei o meu progresso. Porque todas essas coisas estão fora do meu controle. E não há ninguém neste mundo, que poderá medir o meu progresso considerando essas capacidades.


A partir de agora, medirei o meu progresso com a capacidade que tenho de reconhecer que alguns dias estarei muito feliz e outros não. Que alguns dias eu acertarei e outros eu errarei. Meu progresso será avaliado com a capacidade de acordar e reconhecer que estou viva e ganhei mais uma chance de fazer o dia de hoje melhor do que o dia de ontem, e que talvez não seja melhor do que o dia de amanhã. Mas tá tudo bem, porque já progredi em só por ter acordado.


Convido a vocês que estão diariamente buscando um progresso, um melhor resultado profissional, uma cura de uma doença, uma melhor condição de vida ou um novo despertar, que reduza essa expectativa, mas não perca a esperança.


Muitas vezes medimos o nosso progresso com base nas expectativas de uma outra pessoa, ou com base em padrões que julgamos como certos e normais, mas, mesmo que o outro tenha as melhores intenções sobre nós , não serão capazes de dizerem se progredimos ou não, pois só nós mesmos temos o poder de avaliar o quanto progredimos.


A minha dica para você que está esperando aquele progresso acontecer, tente definir a sua meta de vida (no meu caso continua ser voltar a andar), mas não estabeleça prazos e condições. Apenas elabore um plano que, diariamente, você tenha um pequeno, singelo e simples progresso, como por exemplo, hoje eu fui capaz de vestir a minha roupa sentada na cadeira de rodas e fui capaz de passar o dia sem reclamar da minha situação, e isso já significa que tive mais um avanço para conquistar o meu progresso.


Ter pessoas em nossa volta torcendo pela nossa vitória, nos ajuda a alimentar a nossa esperança e a nossa fé, mas os resultados só serão alcançados quando o progresso que esperamos seja, unicamente, aqueles que podemos atingir "sozinhos", e nessa caso, a única coisa que temos domínio é sobre o que e como pensamos, por este motivo já posso dizer que eu já ando e sou muito mais feliz do que antes, afinal, sobre o que eu penso depende só de mim!


Ah, também tenho que lembrar que, no meu caso, "ele" achou que eu estaria morta, mas o maior progresso eu já conquistei: A MINHA VIDA!


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Então, me conta o que achou nos comentários e compartilhe para ajudar a espalhar essa ideia.




Kátia Regina

Mulher | Mãe | Vitoriosa | Executiva de RH | Apaixonada por gente, histórias e experiências | Escritora de artigos e rumo a publicação de livro(s)


Originalmente publicado em www.katiaregina.com





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1 Comment


Eliane Moreira
Eliane Moreira
Jun 11, 2024

Amei seu texto.

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